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A Menina da Grota
Textos
Entre Concreto e Céu
Nascida em meio ao concreto,
toda a rigidez do mundo a cercava.
As paredes não cederam,
o chão não a chamou —
ela brotou, mesmo assim.
Reinventando-se para sobreviver
onde outrem morreria.
 
A fumaça lhe arranha as folhas,
o vento traz poeira,
óleo e fuligem,
palavras duras de bocas que não a veem.
Mas ela cresce.
Silenciosa.
 
O sol mal chega
filtra-se entre placas cruéis,
entre buzinas e pressa.
Mas ela o busca,
com folhas frágeis,
como mãos que suplicam
sem saber se serão atendidas.
 
Há pragas, sim.
Insetos escuros,
invisíveis a quem com eles fizeram morada .
Tentam roer-lhes os galhos,
ferirem sua seiva.
Mas ela guarda em seu caule tênue,
a coragem vegetal
que ninguém ensina.
 
Resiste no vão do viaduto,
faz morada na esperança.
Seus galhos são pequenos,
mas dançam
mesmo em ingenuidade
Seus poros respiram o impossível.
E se purificam,
mesmo quando o ar já parece perdido.
 
Ei-la, pois…
Como?
Entre vigas e sombras,
um sopro verde —
tímido, mas real.
Firme em sua leveza,
dócil em sua teimosia.
 
E cada brisa que passa,
ela segura — como esperança,
como quem diz:
há beleza ainda,
mesmo no mais duro dos lugares
Num gesto tão calado
que só o poeta percebe:
cresce —
contra, apesar de,
além.
 
E ao ver,
não o mundo,
mas apenas ela,
resistindo no alto —
saberá em seu íntimo:
é possível.
 
Viviane Caterine
Enviado por Viviane Caterine em 12/08/2025
Alterado em 12/08/2025
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